Olá Araras Azuis! Hoje eu trago para vocês uma pesquisa acadêmica escrita por Márcia Regina Loiko, Fernanda de Souza Abilheira, Neiva Robaldo Guedes, Daniel Thompsen Passos, Tania de Azevedo Weimer, Sérgio José de Oliveira, Mariangela da Costa Allgayer. Essses Estudos relacionados com sanidade estão sendo realizados para a conservação da arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) em vida livre. Amostras de cloaca e orofaringe de 14 filhotes foram analisadas através de métodos microbiológicos padronizados. Bactérias Gram negativas e leveduras estão presentes na microbiota dos filhotes sadios desta espécie, sendo os microrganismos Staphylococcus sp., Escherichia coli , Enterococcus sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp., Pseudomonas sp. e leveduras presentes na cloaca e orofaringe, enquanto Proteus sp. ocorreu apenas em orofaringe e Salmonella sp. em cloaca.
Foram avaliados 14 filhotes de arara-azulgrande do Pantanal (Anodorhynchus hyacinthinus), nascidos durante a estação reprodutiva 2006 no Pantanal de Miranda - Mato Grosso do Sul. As coletas foram realizadas no momento em que os filhotes foram retirados do ninho, para os procedimentos de biometria e identificação, realizados rotineiramente pelo Projeto Arara Azul. Foram coletados 1 “swab” de cloaca e 1 “swab” de orofaringe de cada ninhego, estas amostras foram mantidas em meios de transporte StuartMR, sob refrigeração e enviados ao Laboratório de Microbiologia do Hospital Veterinário da ULBRA-RS. Os “swabs” foram semeados em placas de Ágar sangue e Ágar Mac Conkey, incubadas em aerobiose por 24hs a 37°C e em placas com meio Dermasel incubadas a 25°C em aerobiose por 4 dias segundo a técnica citada por Hirsch & Zee (2003) e Barrow & Felthan (1993). Placas do material inoculado em Ágar sangue foram incubadas em anaerobiose por 48hs à 37ºC, visando à identificação de bactérias anaeróbias (OLIVEIRA, 2000). As colônias bacterianas foram classificadas pelo crescimento nos meios sólidos, ocorrência de hemólise, coloração por Gram, testes bioquímicos de Indol, vermelho metila (VM), Voges Proskauer (VP), utilização de citrato, utilização de uréia, formação de H2 S, utilização de glicose, prova de catalase e prova de oxidase (OLIVEIRA, 2000). Algumas bactérias isoladas foram enviadas à Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) para certificação.
Os resultados obtidos através das culturas das 14 amostras coletadas da cloaca e orofaringe dos filhotes estão apresentados na Tabela 1. Podese verificar que, em geral, os microrganismos foram mais freqüentes em orofaringe que em cloaca, sendo os mais comuns, E. coli (86% na orofaringe e 43% na cloaca), Enterobacter sp. (64% em orofaringe, 21% em cloaca) e levedura (93% em cloaca e 86 % em orofaringe). A microbiota aeróbica cloacal nos filhotes saudáveis de psitacídeos mantidos em cativeiro está constituída quase que exclusivamente por bactérias Gram positivas dos gêneros Lactobacillus spp., Bacillus spp., Corynebacterium spp., Streptococcus não-hemolítico, Staphylococcus spp., Micrococcus spp. (CLUBB, 1997; FLAMMER & CLUBB, 1994; RUPLEY, 1999), Streptomyces spp. (OGLESBEE & BISHOP, 1998), Corynebacterium spp. e Gaffkya spp. (FLAMMER & DREWES, 1988; HOEFER, 1997). Nesta pesquisa foram isoladas um maior percentual de bactérias Gram negativas em filhotes de vida livre da arara-azul-grande do Pantanal clinicamente sadias. Este resultado está de acordo com Clubb (1997) e Oglesbee & Bishop (1998) que relataram que as bactérias E. coli, Klebsiella spp. e Enterobacter spp. podem estar presentes na microbiota de filhotes clinicamente sadios, e seu isolamento não requer necessariamente tratamento. No entanto vale ressaltar que as bactérias Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Pseudomonas spp., Proteus spp., Salmonella spp., Campylobacter spp.,. e leveduras em brotamento são consideradas patógenos primários ou potencialmente oportunistas (CLUBB, 1997; FLAMMER & CLUBB, 1994; OGLESBEE & BISHOP, 1998). As leveduras e fungos fazem parte da microbiota natural das aves, sendo consideradas comensais no trato gastrintestinal e na pele (GODOY, 2006).
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